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[RESENHA] Serpentário

Olá Leitores!

Páginas: 368 |Editora: Intrínseca |Autor: Felipe Castilho | Ano: 2019

Essa é mais uma fantasia nacional que merece destaque. Serpentário é do mesmo autor de Ordem Vermelha: Filhos da Degradação e assim como este livro, Serpentário foi uma leitura excelente e que me trouxe muitas reflexões.

A história tem como centro cobras, como destaca a capa e o título. Mas também posso iniciar comparando a base da estrutura da história a It: A Coisa e ao livro O Caso da Mansão Deböen. Ambos são sobre um grupo de pessoas que viveram algo dramático e fora do comum durante a infância, se afastaram depois do acontecimento e precisavam voltar para o lugar depois de adultos para enfim fechar a ferida e resolver de uma vez por todas essas pendências.

Serpentário, por incrível que pareça, tem essa mesma base, mas tem uma história bem original. Em Ordem Vermelha: Filhos da Degradação, Felipe Castilho cria um mundo totalmente novo, com novas criaturas e etc. Em seu novo livro, ele é uma mistura de suspense, terror e fantasia, mas tudo isso se passa no Brasil, o que me deixou mais interessada sobre como seria o desenrolar dessa história.
"Os pesadelos precisavam parar de se infiltrar no mundo real, tinham que ficar no lugar que pertenciam."
Sabemos que aconteceu algo entre os quatro amigos, retratados no livro, durante a adolescência deles. Isso foi bem traumático e foi ainda pior porque um deles morreu enquanto enfrentavam uma ilha repleta de cobras o litoral brasileiro. Carolina, uma das integrantes do grupo, agora já é adulta e quer voltar novamente a ilha depois de descobrir algumas coisas que podem mudar o significado do que realmente aconteceu com eles na ilha.

Ela tenta reunir o pessoal, que perderam contato desde o ocorrido, para resolver seus medos de uma vez por todas. Os remanescentes que conseguiram escapar da ilha não são mais os mesmos e vivem assombrados por sequelas do trauma que viveram. Mas os traumas são algo mais consistente, como mudanças na alma para Mariana, deficiência física para Hélio, perda da sanidade para Carolina. Os três amigos, ainda se culpam pela morte do último integrante do grupo: Paulo.

Como agora vão se reencontrar e tentar resolver tudo, precisam enfrentar esses tais medos e fobias frutos do trauma e reatar a amizade que tinham antes. Não temos uma total noção do que aconteceu para eles encontrarem a ilha das cobras quando adolescentes, mas os capítulos alternam entre "anos antes" e "agora", e facilita nossa percepção de tudo.
"Quase todos os seus sonhos eram lembranças, ora exatas, ora mutiladas, mas cópias realistas de coisas que tinham vivenciado."
Desde o princípio, é perceptível algo sobrenatural na história. Uma ilha de cobras mutantes? Isso não tem nada a ver com a nossa realidade e por isso fiquei um tanto cética sobre a origem desse fato. Mas é justamente a origem das cobras que nos intriga. Nos inícios de capítulos, aparece alguns relatos antigos de outros tendo contato com a ilha e também sofrendo por conta das cobras, mas de que maneira isso os afeta? As cobras aqui tem um papel ainda maior do que simples bichos que arrastam a barriga pelo chão.

O sentido delas é mais sobrenatural, com uma origem ancestral. Isso me lembrou nosso folclore. Cobras são típicas no Brasil, inclusive na lenda da Boitata. Mas isso é uma suposição minha. A origem desses animais mutantes pode ser vista como algo além disso quando o autor nos dá indícios de algo ainda mais malicioso, comparando-as com a serpente originada do próprio Satanás na Bíblia.

Não é algo certo, mas por mais de uma vez, as cobras foram comparadas com o antagonista de Deus. Para Mariana, uma personagem afetada espiritualmente pela ilha das cobras, ela as vê como ter enfrentado o próprio Satanás. Essa é uma das várias analogias que o autor faz durante a história. Qualquer brasileiro que ler este livro irá notar os diálogos ricamente incrementado pela nossa cultura. A forma dos personagens dialogarem carregam gírias típicas do Brasil.
"Sua amiga achava que tinha encontrado o próprio Satã na Ilha das Cobras, e se considerava protegida dos efeitos daquele encontro após ter se convertido."
A escrita de Felipe Castilho sempre trazem algo mais e não poderia deixar de destacar as várias críticas que ele faz a questões governamentais, a saúde e ao fanatismo religioso. Desses tópicos, o que mais me chamou atenção, foi a forma que ele escolheu para trabalhar a religiosidade no livro. Felipe expõe o lado mais carnal dela, quando o ser humano aprende a exceder os limites da religião, desrespeitando Deus e exaltando alguma religião propícia.

A evolução dos personagens é algo gradativo e que acompanhamos na mesma ordem que descobrimos o que aconteceu "anos antes". Felipe Castilho deixa algumas coisas ambíguas em seu livro, mas a mensagem que expõe é o que importa. Ele valoriza nossa cultura nacional de tantas formas, mencionando bandas, lugares, e assuntos meramente ocasionais sobre o país, mas que me alegraram bastante.

LEIA A RESENHA DE ORDEM VERMELHA FILHOS DA DEGRADAÇÃO AQUI.

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7 comentários:

  1. Oi Ley!
    Eu achei a edição desse livro uma lindeza só. Vi na livraria e fiquei bastante curioso. Nao e muito minha vibe mas esse chamou atenção. Principalmente pelo titulo em si.

    Abraços
    Emerson
    http://territoriogeeknerd.blogspot.com/

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  2. Oi Ley, achei mega interessante a drama, uma pega de It, valorizando a cultura nacional, gostei, bateu a curiosidade!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  3. Que interessante essa parte do sobrenatural.. Nunca tinha ouvido falar desse livro.

    www.vivendosentimentos.com.br

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  4. Oi, Leyanne!
    Não conhecia o livro, mas gostei da premissa com essa pegada sobrenatural e de suspense.

    Beijos
    Construindo Estante || Instagram

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  5. super legal conhecer essa fantasia com sobrenatural e suspense, que é um genero que gosto mt ainda mais por ser de autor nacional

    www.tofucolorido.com.br
    www.facebook.com/blogtofucolorido

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  6. Eu não sabia que esse livro era de um autor nacional. Acho tudo nele lindo, a capa e o nome principalmente. Porém ainda não tive a oportunidade de ler a história, por mais que seja um gênero que eu ame.

    Abraço,
    Parágrafo Cult

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  7. Olá, Leyanne.
    Não conhecia o livro ainda, mas já fiquei com medo dele. Eu tenho verdadeiro pavor de cobras, por isso vou passar longe hehe.

    Prefácio

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