[RESENHA] O Povo do Ar: O Príncipe Cruel [livro #1]

Olá Leitores!

Páginas: 322 | Autora: Holly Black | Editora: Galera Record | Ano: 2018 | Gênero: Fantasia, Young Adult | Tradutora: Regiane Winarski

Histórias com fadas são uma das minhas favoritas desde a infância. Imaginava uma sorte de coisas a seu respeito, inclusive que eram fofas e legais. O Príncipe Cruel é uma fantasia em que há fadas, contudo vemos seu lado mais cruel.

As fadas de O Príncipe Cruel continuam lindas, mas são lindas de um modo que se assemelha ao perpétuo, e a uma beleza assassina. Quem narra é uma humana que é levada para o reino das fadas ainda criança. Jude, sua irmã mais velha, e sua irmã gêmea, acabaram lá por um motivo totalmente sangrento e são protegidas e criadas pelo assassino de seus pais.

"O reino das fadas pode ser lindo, mas a beleza é comparável à carcaça de um corcel dourado cheio de larvas se contorcendo por baixo da pele, prontas para explodir."

Jude sendo uma humana vivendo no reino das fadas, e sendo tratada como uma delas, é alvo de diversas ofensas das fadas. Um humano comparado a um ser imortal como as fadas, nada mais é que pó. Consequentemente tentando se encaixar, Jude se esforça continuamente para merecer seu lugar ali. Uma das piores criaturas que a intimidam, é o filho mais novo do rei, o príncipe Cardan.

Cardan intimida Jude de diversas maneiras e sem piedade. A obsessão dele em prejudicá-la é clara. Ele tem um grupo de amigos igualmente repugnantes que a lembram do quanto a mortalidade dela é insignificante. Durante todo o livro, Jude e Cardan trocam farpas e não consegui imaginar um mundo em que ambos formam um casal. Na realidade, odiei tanto Cardan por sua crueldade que mal vi sua história.

Cardan também possui uma história trágica que nos é apresentada no decorrer da história. Entender Cardan é complicado, mas é um personagem difícil que acabamos por querer conhecer mais. A premissa de um romance de inimigos que se odeiam e depois se amam não acontece de maneira rápida. Acredito que Cardan e Jude precisam resolver muitas coisas antes de terem algo.

"O que eles não sabem é que sim, eles me dão medo, mas eu sempre senti medo, desde o dia que cheguei aqui."

Jude, como disse, quer provar que merece um espaço naquele mundo mágico e por vezes ela abdica muito mais do que sua humanidade para isso. É uma visão perfeitamente nítida que temos a respeito da desconstrução da inocência de Jude, em favor  de fazer de tudo para estar ali. Ela também tem um papel na história que me surpreendeu muito. Ao invés de haver profecias, ou de haver algo como uma personagem cheia de poderes de outro mundo, somos agraciados por vários planos e soluções tiradas da mente aguçada de Jude.

A personagem contribui e muito para os problemas do reino das fadas, e prova que sua mortalidade não é um problema. O livro tem muita traição e confesso que desconfiei de alguns personagens desde o princípio. A história fica parada em algumas partes, mas isso é apenas um detalhe. O livro tem um final tão maravilhoso e surpreendente que nos deixa ansiosos para o próximo.

"Fui criada pelo homem que assassinou meus pais, cresci em uma terra de monstros."

O universo feérico que a autora cria é um lado mais perturbador do que geralmente conhecemos sobre fadas. Talvez seja por conta disso que a história seja tão mais viva. O livro é um YA que nos faz viajar para esse reino tão imortal, lindo e sombrio. Depois de sobreviver a um final desses, preciso urgentemente da continuação.

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