[RESENHA] Objetos Cortantes

Olá Leitores!

Páginas: 256 | Autora: Gillian Flynn | Editora: Intrínseca | Ano: 2015 | Gênero: Suspense | Tradução: Alexandre Martins

Gillian Flynn é uma autora bastante conhecida pela obra Garota Exemplar, que também ganhou uma adaptação. Assim como a obra, Objetos Cortantes possui uma tensão enorme dentro da trama. A autora me deixou desconfortável em alguns momentos, assim como me surpreendeu com sua escrita crua. Fui pega de surpresa por adentrar em uma trama densa, porém curta. As poucas páginas não impediram a obra de transmitir as sensações descritas no livro.

Objetos Cortantes é uma leitura contendo violência, gatilhos e conteúdo sexual explícito. Portanto, não recomendo para menores de 18 anos. Se preferir realizar a leitura, esteja com a mente tranquila, pois há algumas situações em que o leitor pode ficar desconfortável pela linguagem e acontecimentos.

O livro é protagonizado por Camille, que é uma jornalista. Ela trabalha em um jornal pequeno, e, para cobrir uma reportagem que pode alavancar sua carreira, seu chefe a designa para apurar alguns assassinatos em busca de informações. O lugar onde aconteceram os crimes, foi na cidade natal de Camille, que não a visita há oito anos. Esse tempo fora de sua terra natal lhe deu um choque de reconhecimento ao chegar lá, e, assim como para o leitor, é uma descoberta visitar o lugar.

Problemas sempre começam muito antes de você realmente, realmente vê-los.

Para Camille, também há a sensação de familiaridade onde cresceu, portanto, ela reconhece seus anos na cidade natal durante a visita. Este reconhecimento pode ser interpretado como algo bom, mas há um motivo para Camille ter saído da cidade onde cresceu e não voltar por oito anos.

Um dos motivos é sua mãe, que, por Camille já não gostar tanto dela, o leitor também cria antipatia pela personagem. Além disso, Camille tem segredos que não pode ser classificado como algo bom. Ao partir para arrumar material para a matéria, Camille descobre que os assassinatos podem ser algo mais sombrio e perverso do que aparentam.

A cidade Wind Gap é um lugar pequeno, onde tudo e todos se conhecem, e todas as informações podem ser passadas distorcidamente. Posso dizer que Wind Gap é o lugar mais tóxico que vamos conhecer. É fácil prever que Camille ficará totalmente envolvida no caso e isso pode resultar em consequências difíceis para ela.

Assim é Wind Gap. Todos conhecemos os segredos dos outros. E todos os usamos.

Um dos pontos que mais me intrigou desde o início, foi a relação da protagonista com sua mãe. É algo desgastante, mas pouco entendemos o motivo. Passamos o livro todo em busca de um culpado, como é natural em um livro de suspense. Entretanto, temos que entender que todos na cidade de Wind Gap são pessoas corrompidas. Parece algo grandioso incluir "todos" na minha frase, mas é exatamente isso.

É difícil digerir o comportamento apresentado pelas pessoas ali diante tantas informações que recebemos. O livro aborda temas importantíssimos colocados dentro do contexto da história. Dentre eles está o feminismo, que é muito bem representado em cenas que podemos ver nitidamente na nossa sociedade.

A bíblia diz para crescer e multiplicar, e a ciência, bem, no final das contas é para isso que as mulheres são feitas, certo? Para ter filhos. 

Gostei imensamente das críticas contra o machismo. Gillian Flynn também soube incluir o empoderamento feminino na protagonista ao criar uma personagem independente. A leitura é extremamente impactante, e contém cenas que podem incomodar o leitor. A resolução de tudo foi surpreendente por revelar algo que não cogitamos imediatamente.

Objetos Cortantes aborda uma questão que vi apenas em poucos livros, a precocidade infantil. A maneira do assunto ter sido abordado tem um conteúdo sexual enorme, portanto, reforço que não recomendo a leitura para menores.

A leitura cumpriu seu objetivo ao me deixar tensa, e me fez refletir diante de todos os assuntos importantes que mencionei. Meu primeiro contato com a escrita da autora com este livro, foi uma experiência boa, apesar do desconforto durante a leitura. O livro também foi adaptado em uma minissérie original da HBO, que já estou pensando seriamente em assistir.

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