[RESENHA] Teto Para Dois

Olá, leitores!

Páginas: 400 | Autora: Beth O'Leary | Editora: Intrínseca | Ano: 2019 | Gênero: Romance | Tradução: Carolina Selvatici | Classificação indicativa: +14

Teto Para Dois foi minha escolha para ser uma das últimas leituras de 2020. Ao optar por esse livro, eu tinha um conhecimento breve sobre o que ele se tratava, portanto já tinha ideia do que esperar. Essa foi uma leitura leve para mim, justamente aquilo que eu estava procurando, um romance rápido e engraçado.

Ele trás um enredo inusitado, mas fica fácil prever o que irá acontecer. Imagina quão diferente foi para Tiffy topar com um anuncio onde querem dividir um apartamento, incluindo a cama, porém em horários diferentes. Por realmente precisar se mudar logo, Tiffy atende o anuncio de Leon e passa a morar com ele.

Pelo início possuir essa divisão de apartamentos diferentes meu cérebro já acostumado em tragédias imaginou algo próximo a um suspense acontecendo dessa situação. Mas estamos falando de um romance, ainda bem. Fica claro e um pouco subtendido que irá surgir algum romance disso tudo, mas é complicado esse romance acontecer se os personagens nunca se encontraram.

Foi agoniante passar as páginas, esperar que Leon e Tiffy se encontrassem, mas nada disso acontecer. A interação de ambos no início é toda por meio de post-its e isso se torna algo que ajuda a construir uma relação ali, deixando os personagens mais à vontade na medida que interagem e se conhecem mais por meio de post-its espalhados pela casa. Os capítulos são intercalados entre eles, mostrando cada um com seu dia a dia e dilemas próprios.

Foi uma maneira estranha de conhecer Leon, escrever todos esses bilhetes nos últimos meses, e meio que aconteceu sem que eu percebesse - em um minuto, estava rabiscando um recado rápido para ele sobre comida, no outro, era uma correspondência completa e diária.

O livro se passa em Londres e apesar de ter um romance central para focarmos, a trama tem profundidade em outros pontos. Tiffy acabou de sair de um relacionamento e não está tão bem. Com isso, aos poucos sua percepção de que seu antigo relacionamento foi abusivo em alguns aspectos, vai ficando mais visível e ela precisa se recuperar dos traumas que passou.

A recuperação de Tiffy, assim como a toxidade de seu antigo relacionamento reflete como muitos são hoje. A autora não insere cenas pesadas, mas vemos crises de pânico na trama. Foi um tópico importante a ser abordado, principalmente por instruir também o leitor de que relacionamentos destrutivos podem passar despercebidos para quem está nele, mas ainda sim precisar de ajuda.

Com Leon, acompanhamos seu trabalho como enfermeiro e sua dedicação para provar a inocência de seu irmão, preso e condenado injustamente por um crime que não cometeu. A autora mostra que às vezes a justiça pode ser falha, e em como isso pode refletir na vida de uma pessoa inocente. Os temas são necessários, porém há uma certa leveza que não os torna pesados na história.

É estranho ver como é fácil conhecer alguém pelos vestígios que a pessoa deixa para trás.

Leon e Tiffy trazem mais diversidade por terem características diferentes da maioria dos romances que lemos. Enquanto Tiffy é uma mulher alta, e nem tão magra, Leon é um personagem não branco. Além deles, vários outros personagens secundários são bastante ativos na trama, tendo desenvolvimentos ótimos e sempre com contribuições diretas para a trama principal.

Se apaixonar pelo casal principal se torna inevitável. A forma que o romance ocorre é lento, mas com ótimos momentos. Os dilemas são plausíveis e não senti enrolação no desenvolvimento. A leitura se tornou previsível para mim, mas tentei aproveitar bem a história.

Havia um tempo que eu desejava fazer essa leitura, e não me arrependi nenhum pouco. Ela foge da minha zona de conforto, mas me proporcionou momentos de risadas, tensão e alegria. A autora também escreveu A Troca, também lançado pela Intrínseca.

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