[RESENHA] As Crônicas das Sombras

Olá, leitores!

Páginas: 448 | Autora: Frances Hardinge | Editora: DarksideBooks | Ano: 2020 | Gênero: Ficção Paranormal, Romance Histórico | Tradução: Mariana Serpa | Classificação indicativa: livre

Talvez esse seja um dos livros mais lindos da minha estante e um dos mais surpreendentes também. Ele inicia com uma boa dose de confusão e por mais que a leitura tenha me intrigado, fiquei tentando encontrar um sentido nela nessas primeiras páginas.

Makepeace possui um nome fora do comum, e é uma criança assombrada pela possibilidade de ser um receptáculo de fantasmas. Minha confusão inicial se deu por conta desses fantasmas. É uma sensação constante o medo da protagonista por esses seres sobrenaturais, mas ainda restava saber se isso era de conhecimento geral, ou se tratava de uma fantasia.

Os fantasmas não eram brigões cruéis com quem era possível argumentar. Eram predadores; ela era a presa, e teria que se manter obstinada, feroz e alerta para sobreviver. Ninguém mais a salvaria.

Como temos  apenas uma estreita visão de Makepeace lutando contra eles, é difícil ter uma noção mais expansiva logo de início. A capa e edição do livro fez minha imaginação correr solta para tentar desvendar mais sobre o que tratava a leitura.

A autora nos deixa no escuro nas primeiras páginas, mas conforme a leitura avança, temos uma noção melhor de como a história irá se desenvolver. É um livro repleto de surpresas. Makepeace, além de ser uma criança dotada de um dom incomum, sofre com as tentativas constantes feitas por sua mãe para tentar afastar os fantasmas.

Não era possível confiar nos outros. Cachorros rosnavam antes de morder, mas as pessoas em geral sorriam.

Esses acontecimentos iniciais são o bastante para impactar. A jornada da protagonista segue até que ela encontra suas raízes, e se depara com uma família ainda mais misteriosa do que pensava. Nesse interim, a personagem se depara com um urso, do qual passa a acompanhá-la. A proximidade do urso e o companheirismo que irá surgir nessa relação, são admiráveis e fica ainda mais evidente o amor de Makepeace pelos animais.

O encontro entre eles é algo que não posso revelar por se tratar de spoilers, mas essa ligação é uma das coisas mais lindas na leitura. Temos uma lição incrível durante as páginas através de Makepeace. O livro a acompanha em sua saída da infância, até a adolescência, e a autora preserva a inocência da personagem.

Makepeace era tudo o que o Urso tinha. E o Urso era tudo o que Makepeace tinha.

O que tenho a dizer dela, são apenas elogios. Sua determinação é inspiradora, bem como sua inteligência. A percepção da grandeza do papel de Makepeace no livro aumenta a cada página, e ela tem um desenvolvimento ótimo. O incrível é que seus princípios e lições a acompanham por sua jornada, nos fazendo aprender junto com ela.

A escrita da autora também é uma delícia. As páginas correm depressa, e os acontecimentos são urgentes. A leitura é ambientada na Inglaterra, no século XVII, tendo tramas políticas envolvidas. O plano de fundo da época serviu perfeitamente para a história ganhar vida, encaixando com acerto seres sobrenaturais sem amedrontar o leitor.

Os eventos discorridos no livro são ficcionais, e a trama é cativante. Chegar ao fim dessa história é uma jornada enriquecedora. Das lições de Makepeace, seu amor aos animais é uma das mais louváveis. Creio que cada um de nós podemos aprender um pouco com a personagem e tirar mensagens incríveis dessa história.

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