[RESENHA] Os Garotos do Cemitério

Olá, leitores!

Páginas: 349 | Autor: Aiden Thomas | Editora: Galera | Ano: 2021 | Gênero: Fantasia, Young Adult | Tradução: Arthur Ramos | Classificação indicativa: +14

Os Garotos do Cemitério faz parte daquele tipo de leitura que não via a hora de fazer e quando realmente o li, devorei em um dia. Minha animação para ler a obra estava nas alturas por vários motivos. O livro é uma fantasia mais juvenil e é protagonizado por Yadriel, um personagem trans e gay. Ele vem de uma família de bruxos e precisa se provar digno de também ser iniciado. Aos dezesseis anos, foi impedido de seguir sua herança mágica pela sua comunidade sob o pretexto de sua orientação sexual e identidade de gênero.

Yadriel então pretende fazer sua própria iniciação e provar a todos que merece ser bruxo como qualquer um da comunidade. Ele e sua prima seguem seus planos para fazer a iniciação acontecer quando algo trágico abala a  todos. Um membro da comunidade, também primo do protagonista, aparentemente foi morto e como são ligados pela magia, todos também sentiram.

O acontecimento abala Yadriel, por esse motivo ele tenta invocar o fantasma de seu primo para perguntar o que realmente aconteceu. Mas ao invés do fantasma invocado ser de seu primo, ele acidentalmente invoca Julian, um adolescente que parece ter morrido há pouco tempo, de formas suspeitas.

Não se sabe se essas mortes estão ligadas, mas surge o mistério do que realmente aconteceu com o primo de Yadriel e com Julian, que passa a conviver com o protagonista. O livro tem um clima juvenil, com intensas referências à cultura latina. De diversas formas, a cultura é apreciada. É maravilhoso reviver a magia e ainda aprender mais sobre costumes.

A comunidade da qual Yadriel faz parte é composta por bruxes que são bastante companheiros. A sensação de amizade sempre perdura, principalmente em relação a Yadriel e sua prima Maritza. Ela por sua vez, se mostra uma excelente amiga, com atos de bravura e uma personagem feminina formidável.

O livro passa boa parte da história focado em Yadriel e seu mais novo amigo Julian. É doloroso saber que Julian não está mais vivo e se torna ainda pior quando os acontecimentos estreitam a relação dos personagens, nos fazendo torcer para que fiquem juntos. O detalhe crucial? Julian está morto. A leitura é rápida, com surpresas boas e momentos tanto alegres quanto tristes.

O Dia de la Muertos está chegando e com ele há uma antecipação do que esse dia trará. A fantasia é leve, não é tão carregada de elementos novos, mas tem bruxos e magia. É como se fosse uma fantasia urbana, mais focada no mistério, lutas do protagonista e aventura. A leitura traz pontos relevantes, mas sem forçar algo mais denso para o leitor assimilar.

A linguagem usada na leitura também é diferente. Apesar de não ser formal, o autor usa linguagem neutra na obra, e assim a editora escolheu fazer o mesmo. Esse foi o primeiro livro que li com protagonismo trans, e aprendi tanto quanto amei a obra. O livro tem passagens tensas, que retratam a homofobia e transfobia, que são temáticas importantes a serem debatidas.

Por fim, a obra foi como eu esperava, e acabei lendo mais rápido do que imaginei. É uma leitura importante, uma fantasia única, com boas doses de mistério. Fazer essa leitura nos faz ficar mais perto de Yadriel e torcer para que as coisas deem certo, quem sabe até mesmo sentir mais esperança.

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