[RESENHA] As Crônicas da Abadia Vermelha: Maresi [Livro #1]

Olá, leitores!

Páginas: 200 | Autora: Maria Turtschaninoff | Editora: Morro Branco | Ano: 2018 | Gênero: Fantasia | Tradução: Lilia Loman e Pasi Loman | Classificação indicativa: +16

Ler esse livro me deu uma sensação totalmente diferente de como comecei e finalizei. Nas primeiras páginas de Maresi, senti como se fosse uma leitura infantil e empática. De fato ela traz empatia, mas a semelhança com algo juvenil perdura até cerca de metade do livro, quando algo mais devastador acontece. A leitura leva o nome da protagonista, e Maresi é uma jovem que vive em uma ilha onde só existem mulheres.

A própria Maresi narra o livro como uma forma de registro para o que está prestes a acontecer. Seu relato conta que é após a chegada de uma nova garota chamada Jai que os eventos têm início. Elas logo se tornam próximas. Jai vê em Maresi uma companheira, ela pouco fala, é retraída e se sente insegura na maior parte do tempo. É em Jai que o leitor pode perceber como o mundo é cruel para as mulheres na história.

A ilha descrita é um refúgio que faz das mulheres uma força. Maresi não conhece a maldade tão bem quanto Jai, e por mais que seja doloroso ver essa face, a crueldade se apresenta mais cedo ou mais tarde. As personagens são jovens quando a história tem início. É fácil se envolver pela rotina que elas têm e é justamente esse motivo que parece mais uma trama simples, com foco na amizade, sem nada complicado para entender.

Foi o que me fez pensar que é esse artifício de deixar o leitor confortável na trama que torna as últimas páginas mais sombrias. O contraste é imenso entre os extremos da leitura e doloroso por si só. Em poucas páginas é possível ir da completa paz ao desespero e odiar certas ações dos antagonistas.

A força feminina é o que está sempre sendo ensinado na leitura, sua sabedoria e outras áreas que são chamativas e irão ser importantes na obra. O livro prepara muito bem o que está por vir apresentando companheirismo e amizade que se tornam lições, assim como o feminismo. É também um livro que deixa uma impressão forte. A intensidade de algumas decisões em prol de poupar outros deixa uma marca.

Estranhamente, essa é uma leitura que tem um início tão brando que eu facilmente recomendaria para todos se não houvesse momentos tão delicados perto do fim. Ao invés disso, recomendo quando quiser ler algo com lições densas e simples, que inicia de forma lenta e maravilhosa, mas tem um impacto ainda maior à frente. E, sobretudo, para quem quiser ler sobre a força feminina. Aqui temos personagens fortes e guerreiras, que em nenhum momento me decepcionaram e foram maravilhosas do começo ao fim.

Elas estão em uma ilha, mas isso não as impede de aprender e alertar umas às outras do perigo do mundo lá fora, como ele pode ser cruel somente pelo fato de nascerem mulheres. É assim que, infelizmente, podemos também nos identificar, mas em outros momentos podemos nos fortalecer.

A história tem um final lindo, que também é fechado, mas abre um horizonte de perguntas para o que elas podem aguardar fora da ilha. Maresi detém de um conhecimento incrível, e essa obra a molda para o que pode encontrar no próximo volume.

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