[RESENHA] Viúva de Ferro [Livro #1]

Olá, leitores!

Páginas: 480 | Autore: Xiran Jay Zhao | Editora: Intrínseca | Ano: 2022 | Gênero: Fantasia, Ficção científica | Tradução: Caroline Chang | Classificação indicativa: +16

Viúva de Ferro conseguiu me deixar em um misto de sentimentos e a vontade de ler se tornou maior a cada página. Tinha imaginado que iria gostar da leitura, mas quis começar um pouco no escuro para ser pega desprevenida. Do meio para o fim não me contive e procurei alguns spoilers (não consigo resistir), mas isso também tornou a vontade de ler ainda maior.

O mundo mencionado na leitura consegue instigar a curiosidade do leitor em vários sentidos. Da sociedade aos monstros existentes, a linha é tênue, mas são pólos interessantíssimos que foram muito bem construídos em busca de explorar o destino dos personagens e toda a história.

No enredo, há constantes ataques de criaturas alienígenas e para combatê-los, os humanos usam suas crisálidas. Os pilotos da estrutura são sempre homens, mas eles dividem esse trabalho com concubinas. Porém, ao invés de ser o que naturalmente imaginamos, um trabalho em equipe, o sistema funciona de maneira diferente, onde constantemente mulheres inocentes são submetidas à compartilhar a função do piloto e apenas algumas sobrevivem.

O pior é que o trabalho é considerado uma honra, e é uma visão geral de que as mulheres devam se sentir agradecidas, e a maioria delas realmente se sente assim. Para Wu Zetian, que teve a vida de sua irmã perdida pois não resistiu como piloto-concubina, tem uma visão mais realista de tudo e está determinada a se vingar, por esse motivo se inscreve como uma delas.

Escolho a vingança.

Zetian tem um objetivo único e está disposta a tudo por ele, considerando que de uma forma ou outra não há chances dela sobreviver a esse destino. A personagem, vista como alguém inferior pela sociedade, prendeu minha atenção desde que soube que sua coragem era incrível.

Sua determinação se torna ainda maior visto a que ela luta. Zetian escolhe a vingança porque sabe que não há justiça para ela e nenhuma outra mulher na mesma situação. É um sistema desumano retratado, que me deixou enojada desde meu primeiro vislumbre. Já não basta como o mundo em questão está colapsado em guerra, ainda há uma divisão de classes e gênero absurda.

O destino da protagonista segue rumos imprevisíveis, mas é incrível de acompanhar. Torci a todo momento para que ela simplesmente conseguisse destruir quem pudesse. Zetian tem uma garra impressionante que serviu muito bem para agitar as coisas onde ela passava e declarar bem sua opinião.

Este mundo pode transformar qualquer pessoa em um monstro.

O péssimo é que não há facilidade aqui e a todo momento há a possibilidade de morte iminente. É como se os personagens estivessem próximos de seu último suspiro no segundo seguinte. E assim como Zetian, outros personagens bem interessantes ganham destaque aos poucos.

Outro ponto que gostei foi essa relação da protagonista com outros personagens que roubam a cena. Uns são bem misteriosos, enquanto os demais sabem cativar o ódio de alguém. Com isso, as relações são estreitas, mas não deixam a desejar. O livro possui representatividade poliamorosa cultivada aos poucos, porém cativante. Essa é uma das relações que inspira forças durante a leitura.

Receio que não tenha como indicar essa leitura falando sobre momentos de felicidade porque passei a maioria do livro sentindo ódio, mas é um livro que valeu a pena cada sentimento que tive. As páginas transbordam intensidade e conforme conhecemos mais desse mundo conturbado, a história consegue expandir para mais perguntas.

Imagino que o segundo volume trará mais acontecimentos trágicos depois das descobertas finais neste livro, mas imagino que virá com mais respostas. Com isso, a próxima leitura já se tornou bem aguardada por aqui. Viúva de Ferro foi uma leitura empolgante e intensa, as cenas de ação são sensacionais assim como o restante da história.

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