[RESENHA] O Sanatório

Olá, leitores!

Páginas: 480 | Autora: Sarah Pearse | Editora: Intrínseca | Ano: 2022 | Gênero: Policial, Suspense e Mistério | Tradução: Marcelo Schild Arlin | Classificação indicativa: +14

A sombria realidade de uma morte afetava as pessoas de diversas maneiras.

Elin é uma mulher forte que está tendo que lidar com uma bagagem de traumas que querem consumi-la. Traumas de infância devido a morte prematura do irmão mais novo e traumas da vida adulta devido ao trabalho na polícia e a perda da mãe e o relacionamento complicado com o irmão mais velho, já que ela o culpa pela morte do irmãozinho. O Sanatório é o tipo de livro que tem uma protagonista repleta de desafios e uma trama que tem tudo para prender o leitor, principalmente porque em meio aos mistérios da história, não sabemos em quem confiar já que até mesmo a Elin nos deixa em dúvida por conta de seu histórico de traumas.

Elin não sabe como resolver aquilo. Como eliminar alguém da vida quando ele é o fio que liga todas as partes dela?

Quando o seu irmão a convida para o seu noivado, que será em um hotel no meio dos Alpes onde há muitos anos antes havia sido um sanatório de ética duvidosa, Elin, acompanhada de seu namorado, vai ao local, mesmo que ainda hesitante. Ela possui questões não resolvidas com o irmão por conta da morte do caçula da família e do suposto abandono do mesmo com relação a mãe doente pouco antes da sua morte, sem contar que os dois vivem em um embate de personalidades e provocações constantes.

Por conta de uma nevasca, ela e mais um grupo de hóspedes, incluindo seu irmão e namorado, ficam confinados no local. E é aí que a história começa a se desenrolar, já que Laure, a noiva de seu irmão, desaparece e não é a única vítima.

De certa maneira, ela sempre soubera que aquele momento chegaria. O que aconteceu nunca é totalmente deixado para trás. Embora ela tenha banido para os confins de sua mente, a consciência de tudo aquilo sempre esteve ali — como um coágulo, imóvel dentro da veia, só esperando o momento de se soltar e provocar o caos.

Amo histórias com personagens que nos fazem duvidar do que estão sentindo ou pensando e o fato de Elin ser uma personagem que precisa antes de tudo lidar consigo mesma me deixou super presa na trama. Ela é uma mulher forte mas está com a confiança em pedaços e isso atrapalha sua vida em diversos aspectos. O Sanatório é um livro grande mas a leitura flui muito bem e isso faz com que terminemos de ler bem rápido.

Porém, como nem tudo é perfeito, admito que tive alguns problemas com o livro, principalmente com o seu final. A autora soube explorar bem os problemas da Elin, mas o mistério dos assassinatos em si deixou a desejar. Senti como se ela quisesse colocar mil reviravoltas em uma história só e por isso o final acabou meio desconexo e anti climático. Várias das reviravoltas da trama surpreendem, algumas poucas acabam por serem já esperadas mas algo ali se perdeu (se eu for dizer de outra forma, acabarei dando um spoiler e essa não é a intenção aqui).

Chegue ao final de seus vinte anos e as pessoas vão sentir a necessidade de enquadrá-la, de categorizá-la. E se não conseguiam, a encaravam como uma ameaça. Um ser indefinível.

Elin é uma personagem maravilhosamente escrita e que muitas vezes rouba o protagonismo de O Sanatório em si. Esperava saber mais do passado do local e seria algo bem mais satisfatório de se ler já que muitas páginas da história poderiam ser facilmente deixadas de lado devido às muitas voltas que dá. A leitura vale por conta da premissa e dos elementos clássicos do gênero e é incrível até o final da segunda metade do livro. É uma pena que tal obra que tinha tudo para dar certo, acabou se perdendo em uma trama de final enrolado.

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