[RESENHA] O Mar Sem Estrelas

Olá, leitores!

Páginas: 544 | Autora: Erin Morgenstern | Editora: Morro Branco | Gênero: Fantasia | Ano: 2021 | Tradução: Isadora Prospero | Classificação indicativa: +16

Nem todas as histórias tocam todos os ouvintes, mas todos os ouvintes podem encontrar, em algum lugar, em algum momento, uma história que os toca. De uma forma ou outra.

O Mar Sem Estrelas é uma fantasia que instiga pelo mistério e por integrar várias histórias dentro de uma só, transformando o livro em um acervo para quem adora ler, com referências que os leitores logo irão entender e uma paixão por um mundo subterrâneo destinado justamente aos leitores. A leitura começa com histórias soltas sobre um livro desconhecido.

Zachary encontra um intrigante livro na biblioteca da instituição que estuda. Há muitos detalhes curiosos sobre o tomo, não há registro disponível, as histórias são desconexas, talvez incompletas, mas o mais absurdo é Zachary encontrar um trecho de sua vida impresso no livro. O protagonista fica ávido pelas histórias e intrigado pelos detalhes em que sua breve aparição é descrita. Em uma procura maior sobre a obra, ele tenta rastrear símbolos que aparecem com frequência, mas acaba encontrando algo maior.

Sua busca esbarra com dois personagens: Dorian e Mirabel. Os personagens são tão aleatórios que não dá para saber como exatamente fazem relação com o livro em questão. As descobertas se mostram cada vez mais profundas, apresentando um mundo que poderia instigar qualquer leitor. Foi isso que me encantou em primeiro lugar. Um livro de fantasia com possibilidades para um leitor imergir em histórias o quanto puder? Sim, seria meu sonho.

Zachary fica igualmente encantado. Ao contrário de alguns protagonistas adotando medidas clichês sobre essa nova apresentação, o personagem quer entrar de cabeça e saber sobre esse mundo. Ele continua mesmo sabendo que pode ser perigoso e embarca em aventuras enfrentando seja qual for o risco. Seu objetivo não é claro, mas ele mostra garra de simplesmente querer ir até o fim.

A leitura, por mais que apresente elementos familiares, é confusa e sua narrativa é diferente. Há uma história principal, com Zachary como protagonista, enquanto isso, intercala-se com narrativas soltas de histórias que lembram fábulas. Alguns livros inteiros são narrados em conjunto com a história principal, causando uma certa confusão sobre qual informação será importante, mas eis um detalhe que quem quiser ler precisa se atentar: cada trecho narrado tem uma importância significativa no enredo principal.

Livros são melhores lidos do que explicados.

É intrinsecamente importante não perder nada, se possível faça anotações. Aos poucos, a narrativa faz referências às suas próprias histórias, que fazem um total sentido no desfecho. É tão milimetricamente detalhado que chega a assustar. Dá para sentir um frio na barriga quando nos deparamos com trechos de outras histórias e assim podemos entender ao menos o rumo em que ela está indo.

A forma de narrativa é melancólica, Zachary é um personagem solitário, incrível, que logo que apeguei. Mas não somente por ele temos uma narrativa assim. A própria história é um tanto sombria, portanto a melancolia se adequa perfeitamente. A ideia do livro, assim como os detalhes da escrita me agradaram, porém não gostei de tudo como eu imaginava.

O livro tem um grande simbolismo por trás das histórias e nem tudo é explicado. A ideia também é bastante incrível, mas a falta de explicação não me agradou. Ao mesmo tempo em que há uma grande quantidade de informações sobre as histórias narradas, não há detalhes o suficiente da narrativa principal para que possamos conhecer e nos adaptar. No fim, nem tudo que aconteceu me cativou. Os personagens são incríveis. Cada um foi bem escrito, seus medos e desejos são bastante claros, o que nos faz afeiçoar-se, mas há menção de romance, e esse desenvolvimento foi repentino e não gradual.

Os personagens se conhecem há pouco tempo, tiveram poucos encontros, tudo virou um caos de uma hora para a outra, e não houve tempo para que sentimentos tão fortes acontecessem. A intenção é boa, mas na minha visão, faltou mais contato e desenvolvimento. Pode não atrapalhar a experiência de alguns, mas para mim fez diferença.

Fiquei um tanto dividida sobre o enredo geral. Houveram partes empolgantes, e como mencionei, os personagens realmente são maravilhosos. Há protagonismo não-branco e LGBTQ+, e as conexões finais causam entusiasmo. Em contrapartida, a confusão não valeu a pena. O simbolismo misturou-se com o que trechos necessários a serem explicados e houve muita confusão. Realmente pode ser uma experiência diferente para cada leitor.

ADQUIRA SEU EXEMPLAR NA AMAZON: