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[RESENHA] O Retrato de Dorian Gray


Olá, leitores!

Páginas: 320 | Autor: Oscar Wilde | Editora: DarksideBooks | Ano: 2021 | Gênero: Ficção | Tradução: Paulo Cecconi | Classificação indicativa: +16

Conhecer a obra de maior sucesso de Oscar Wilde sempre esteve em meus pensamentos, mas foi só quando ganhei a edição da DarksideBooks que finalmente li. Eu poderia ter lido antes, com certeza, mas muitas coisas me cativaram para dar uma chance ao livro no momento.

A história de um rapaz da era vitoriana entrelaçando sua vida a um quadro abre muitas linhas de pensamento para o motivo desse acontecimento, mas nem o fator surreal é tão interessante quanto os debates de ideias presentes na história. Dorian Gray é conhecido pela beleza, ele é jovem e encantador. Um de seus amigos, um pintor, aprecia que o rapaz seja seu modelo e o presenteia com um quadro dele, considerando-o sua melhor obra já feita. A dedicação na fabricação do quadro não passa despercebido, o amigo realmente estima por Dorian, enquanto o rapaz parece resplandecer em juventude e beleza.

Quando Dorian conhece Lorde Henry, com suas ideias sobre beleza e profundos pensamentos acerca da vida, surge nele uma vontade de perpetuar sua própria beleza. O decorrer geral da história é bem conhecido, o quadro em questão revela sinais de que carrega as transgressões destinadas ao dono, enquanto Dorian segue imaculado. Mas qual o custo? E no que pode transformar sua alma?

As ideias de Lorde Henry ocupam boa parte do livro e claramente fazem parte da transformação inicial do protagonista. O Lorde tem linhas de pensamento que são desenvolvidas por páginas a fio, muitas vezes enfeitadas com sua própria vivência, cheia de autodepreciação com aquilo que não concorda. Para ser sincera, detestei o personagem, concordei com pouca coisa que ele disse, e apesar de suas palavras terem aparência bonita, há certas armadilhas aqui e ali que podem envenenar a alma. Ele prega insistentemente sobre belezas passageiras, reiterando suas vantagens e descartando um indivíduo que não se encaixa em suas definições.


É triste pensar nisso, mas não há dúvidas de que a genialidade dura mais do que a beleza.

Dorian passa por mudanças perceptíveis depois da confecção do quadro e após perceber a dimensão do que a obra é capaz. Ele não apenas fica com as marcas das passagens dos anos de Dorian, mas com a aparência de seu eu interior, a corrupção de sua alma, mostrando quem ele mesmo é, e a feiura completa. Dorian permanece imaculado por longos anos, mas por onde passa deixa uma marca visível.

Seu desenvolvimento é incrível, o autor o constrói como um rapaz belo, capaz de arrancar paixões e se apaixonar. Mas suas decisões são o que o diferencia. Por muitas vezes ele aparenta ser ingênuo e extremamente narcisista, englobando o que lhe acontece como se referisse apenas a ele.

A escrita é floreada, e não foi um livro tão fácil de ler. Os monólogos são mais cansativos, especialmente se não concordamos com o que foi falado, mas é interessante como as palavras fúteis de alguns personagens agrega tanta importância em outros. E estamos falando de um livro antigo. O diferencial na história não é apenas lidarmos com a evolução da corrupção da alma do protagonista, há também as claras insinuações de romance entre homens em uma sociedade em que isso era considerado crime.

Os personagens expressam suas vontades de maneiras indiretas, mas não é tão sutil. É uma obra que aposta na ousadia e infelizmente o autor pagou por isso. Uma das vantagens de ter lidos nesta edição é que ela não tem censura. O livro é pequeno, e apesar de ter 320 páginas, ele termina antes da página 200. A obra original de Oscar Wilde passou por algumas mudanças na época, mas a edição em que li não possui os acréscimos exercidos pela censura, com o intuito de mascarar os relacionamentos LGBTQ+ e evidenciar romances héteros citados no livro.

Dessa forma, as versões sem censura são menores mesmo, e esta ainda possui notas do pesquisador Luiz Gasparelli Jr, que produziu as notas para a primeira edição de O Retrato de Dorian Gray. A história tem seu peso, é importante e marca uma época.


Mencionei que o livro era curto, mas que a edição tem mais de 300 páginas e isso pode gerar uma confusão para tentar encaixar as coisas, mas é simples. Além da obra sem censura, a edição tem muitos extras. Algumas trocas de cartas mostram muito como a obra não foi tão bem aceita, apesar da genialidade dela. Oscar Wilde rebate alguns editores quando tentam diminuir sua história.

Em seguida, há extensas páginas sobre o julgamento do autor, que foi à corte devido seu romance com outro homem. Após esse acontecimento, as consequências foram piores e os anos finais dele são dolorosos. Nas páginas finais há alguns poemas do autor, e um pouco de sua vida.

É necessário destacar o trabalho gráfico da edição, que possui ilustrações, e uma verdadeira galeria de arte de fotos do autor e informativos remetentes à época. É como mergulhar por um mundo onde Oscar Wilde ainda habita. A edição foi feita graças a alguns nomes: Enéias Tavares, tradutor de vários poemas; Paulo Cecconi, tradutor do livro e alguns extras; Luiz Gasparelli Junior, redigiu as notas na primeira edição da obra; e Henry Weston Keen, ilustrador de uma edição da história em 1925. Juntos, dão mais vivacidade à história e me deram uma verdadeira imersão não só em O Retrato de Dorian Gray, mas também em outros trabalhos do autor.

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4 comentários:

  1. Oi Leyanne, tudo bem?
    A DarkSide arrasa nas edições. Com certeza leria se tivesse a oportunidade, mesmo com as dificuldades da linguagem da época e com o Lorde odioso palestrinha.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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  2. Oi
    Essa edição parece ser belíssima, eu tenho curiosidade com esse livro porque é um livro que foi censurado em muitos lugares, que bom que essa é uma edição sem censura dando a chance der a bora completa, que bom que gostou da leitura.

    http://momentocrivelli.blogspot.com/

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    Respostas
    1. Oi, Leyanne. Como vai? Parece uma obra interessante. Adorei as fotos. Que bom que curtiu. Abraço!


      https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

      Excluir
  3. Eu li esse livro em outra edição. Faz tempo, mas lembro que foi uma leitura bem densa e confusa, exatamente por conta desses trechos inseridos depois pela censura. Mesmo assim, foi uma experiência interessante, levando em conta o ano que foi publicado. Essa edição da Darkside está muito linda e vale a pena ter na estante.
    Bjks!

    Mundinho da Hanna
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