[RESENHA] Trilogia Daevabad: O Império de Ouro [livro #3]
Olá, leitores!
Páginas: 848 | Autora: S. A. Chakraborty | Editora: Morro Branco | Ano: 2022 | Gênero: Fantasia | Tradução: Mariana Kohnert | Classificação indicativa: +16
Esta resenha contém spoilers dos volumes anteriores.
Leia as resenhas de:
Havia muito tempo que eu não me empolgava com uma trilogia de fantasia do início ao fim, e também devorava como se não houvesse amanhã. O Império de Ouro liderou minha lista de desejos desde que conheci a trilogia, então quando finalmente chegou por aqui, fiz de tudo para reservar um tempo para me dedicar somente a ele.
Eu estava com muita saudade do universo e precisava urgentemente de respostas. A situação em que foi deixada a história no final de O Reino de Cobre causou um impacto em que parecia irreversível. Ao longo dos livros pude perceber como minha opinião foi mudando drasticamente sobre alguns personagens, e esperava a resolução desses assuntos neste volume final.
Primeiro, fui de amar Dara a odiar cada aparição dele, especialmente nessa história. Os capítulos dele são bastante presentes, já que é em sua perspectiva que sabemos em que pé Daevabad está. A cidade foi destruída justamente pelos que juraram proteger, e em suas palavras, aqueles destinados a governar. O quão ridículo achei esse discurso, principalmente depois da cascata de destruição deixada por eles.
Se você governa pela violência, deve esperar ser deposto pela violência.
Para mim, Dara instigou minha raiva porque era um personagem que sofreu por séculos, teve fins trágicos, foi usado, descartado e suas vontades nunca foram realmente suas, então era de se esperar que depois de entender quem o fez passar por tudo isso e que tipo de luta infundada foi colocado, ele usaria sua própria mente para escolher suas lutas, ao invés de seguir um código que está matando inocentes.
Mas Dara também é complexo nesse sentido porque usa sua perda, de séculos antes, para justificar seu objetivo de matar milhares de outras vidas. O que não faz nenhum sentido é que o sangue compartilhado pelos ancestrais das pessoas que infligiram a dor em Dara, não tem nenhuma culpa disso. Então por que culpar pessoas inocentes apenas pelo sangue? Conclui que Dara apenas queria um meio de se abster de se importar para seguir suas ordens atribuídas cegamente.
E para piorar, Manizheh é um tipo de líder tirana, que prega sobre liberdade exclusiva apenas para sua tribo, ignorando o que Daevabad realmente precisa. E sinceramente? Eu estava cansada de tanta hipocrisia, mas isso perdura por bastante tempo ainda sob o comando de Manizheh.
Os pensamentos desses, que tinham um objetivo infundado de libertar Daevabad, é tão contraditório que soa risível, e o pior é que acreditam realmente nisso. A conduta é tão suja que ao pregarem sobre libertação, se aliam com seres que seu próprio profeta abominou. Essa é a prova mais irredutível de que algumas pessoas só querem enxergar a própria verdade.
A consequência de todos esses passos mal dados é que os únicos que lutam bravamente para Daevabad se reerguer são os mais afetados pelos danos. Nahri e Ali têm apenas um trunfo em mãos e mais nada, mas ao longo do livro mostram uma determinação invejável. Ali sempre foi um guerreiro excepcional, mas surpreende por ter um coração puro e uma mudança perceptível em sua forma de pensar.
Comparando o Ali do primeiro livro até aqui, temos uma longa trajetória entre um fanático e uma pessoa que escolheu rever seus conceitos sem se abalar no que acredita. E Nahri, que teve sua vida revirada e sua liberdade comprometida, luta com seu desejo de experimentar sua autonomia com o dever de libertar Daevabad.
Daevabad é uma armadilha mortal. Ela corrompe e destrói todos que tentam consertá-la
Eu sinceramente não via um modo de tudo se resolver sem gerar mais sangue no processo. Os personagens pareciam mais desgastados a cada página, enquanto o sofrimento perdurava. As diferentes tribos e raças consideradas inferiores ficavam no meio do fogo cruzado enquanto inocentes eram massacrados. Não havia como defender uma luta em que ódio era combatido com ódio.
As soluções que os personagens tentaram ter ao longo dessa trajetória me surpreendeu, e de certo modo os moldou para sempre. Houve um longo caminho a percorrer, com sangue sendo o principal elemento desperdiçado. As mudanças são drásticas, e as lições são cada vez mais claras. O tipo de governo proposto pelos sangues puros, onde se diziam ter igualdade, se limitava até os mesmos sangues puros. E enquanto as minorias? Elas seriam abatidas no processo por serem consideradas inferiores segundo um código regido milênios atrás?
O livro, e toda a história ao longo da trilogia traz muita veracidade. A ligação genial da autora em combinar mitologia islâmica, política e raça na história não serviu somente para criar uma obra icônica de fantasia, mas para transmitir classes de vidas açoitadas por quem se diz ser superior e julgadas pelo seu sangue. O efeito cascata produzido por essa cadeia de acontecimentos resulta na luta infindável dos protagonistas, em ódio mal reprimido e imensas consequências para todo o povo.
Os momentos felizes são poucos, mas acontecem e aliviam a tensão que presenciamos. O romance também é bastante sutil, mas transmite alegria. Os momentos finais expressam o que aguardei por longas páginas: uma ponta de esperança, mas não sem antes lutar por ela.
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Olá,
ResponderExcluirQue lindas essas edições.
Achei bacana a premissa e os mundos que a autora explora. É bacana notar que coisas nesse estilo sempre tem algo com pé na realidade.
até mais,
Canto Cultzíneo
Nossa, eu não conhecia essa trilogia, mas fiquei espantada com a semelhança com a realidade em diversos pontos. Amei e já quero conferir também os livros.
ResponderExcluirBjks!
Mundinho da Hanna
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Essa trilogia já é uma das minhas favoritas. Devorei todos os livros e o terceiro foi arrebatador. Espero poder reler em algum momento! 🧞♂️
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