[RESENHA] O Bosque das Coisas Perdidas

Olá, leitores!

Páginas: 366 | Autora: Shea Ernshaw | Editora: Galera Record | Ano: 2022 | Gênero: Fantasia, Young Adult, Romance | Tradução: Guilherme Miranda | Classificação indicativa: +14

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A Maldição do Mar

As Walker sempre foi uma família com bruxas. Todas têm um presente especial, mas Nora se sente deslocada por não ter nenhum dom, ao contrário das mulheres Walker. Apesar disso, sempre foi apegada com sua avó, que lhe ensinou sobre magia e o legado da família. Nora é vista, infelizmente, como uma pessoa solitária e estranha, sendo chamada de bruxa como forma pejorativa, embora isso não a intimide.

A família Walker também possui outra peculiaridade, elas podem entrar no Bosque de Vime em noites de lua cheia e tirar de lá coisas perdidas. Não é certo como alguns objetos aparecem no Bosque, mas lá existem coisas no mínimo curiosas. Quando Nora visita o Bosque em uma noite, ela encontra um garoto inesperado, já que não é natural encontrar ninguém ali.

Nora considera o garoto sua descoberta pessoal, embora possa trazer consequências. Oliver, o garoto, não se lembra do que lhe aconteceu nos últimos dias, embora saiba apenas que estava no acampamento perto da casa de Nora. Oliver é um mistério próprio, com imensas perguntas sobre si e o que realmente lhe aconteceu.

Ambos começam um tipo de amizade, mas é mais melancólica, especialmente após descobrirem que um garoto sumiu na mesma época que Oliver, enquanto outro foi morto. Isso deixa Nora com dúvidas a respeito de seu novo achado, e outros personagens aparecem.

A história tem um ponto de partida interessante, Oliver instiga tantas perguntas quanto possíveis, enquanto podemos imaginar a verdade sobre tudo. Nora se sente especial por muito tempo pela situação, mas nem tudo é como parece. A narrativa alterna-se entre Oliver e Nora, mas ambos parecem tão perdidos que não há muito como concluir algo concreto.

O livro, assim como os personagens, é melancólico. Ele se passa em uma cidadezinha pequena, no inverno. A história transmite uma sensação de solidão, que particularmente adoro, mas pode parecer mórbido. Também trata-se de um livro rápido. A narrativa é envolvente, embora seja simples. A herança mágica da protagonista é frequentemente lembrada, surgindo várias perguntas a respeito dela.

A intenção da leitura é transmitir também dúvidas acerca dos protagonistas com insinuações vagas. As peças demoram um pouco para se encaixarem, mas é bastante agradável. O enredo e protagonistas são ótimos, mas nem todos os personagens secundários são fáceis. Alguns deles me fizeram sentir muita raiva.

Uma questão que associo ao clima de mistério do livro, é que a história parece ter noites com 48 horas e dias de pouca duração. É bem comum acontecer em filmes de terror, onde o perigo parece mais palpável à noite. Não é o caso aqui, não se trata de nada pesado, mas chega a ser sombrio, e pode dar arrepios aqui e ali. Também pode até mesmo considerar-se um terror leve.

O livro mescla aquela pitada de rivalidade adolescente, que não é meu tema favorito, com romance e fantasia sutil. Não é nada difícil de ler, e de bônus é uma fantasia em livro único. O ponto de partida inicial é o Bosque, com uma aura sombria e misteriosa, mas o enredo flui também para ao redor dele. A leitura me surpreendeu e gostei mais do que A Maldição do Mar. Foi uma história tranquila, com mistério e sobrenatural na medida certa, intrigante e aconchegante.

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