[RESENHA] A Ascensão das Trevas [livro #1]

Olá, leitores!

Páginas: 448 | Autora: C. S. Pacat | Editora: Galera Record | Ano: 2022 | Gênero: Fantasia, Young Adult | Tradução: Mariana Kohnert | Classificação indicativa: +14

A Ascensão das Trevas tem um cenário ambientado em Londres, no início do século XIX. A ambientação acontece ali, mas a narrativa logo muda, apresentando lugares do que resta da magia, com ainda mais segredos. O que ninguém sabe, é que há muito tempo, a magia era possível, mas devido à ascensão de um Rei das Trevas, tudo desmoronou. O embate final foi contra o Rei, morto por sua amante, a Dama. Desde então, lutas silenciosas são travadas, para impedir que os apoiadores do Rei o façam retornar.

Tudo o que sabemos é que há  um embate entre o bem e o mau. Os Regentes lutam do lado da luz, enquanto os Remanescentes são servos  que prometem trazer o Rei das Trevas, há muito perdido. É necessário algumas peças antes que tudo seja feito, e o objetivo dos Regentes é impedir isso. Por longos séculos, a tarefa foi árdua mas controlada, contudo, agora os Remanescentes podem estar mais perto do que nunca.

O livro apresenta uma luta entre dois lados que parecem ter limites absolutos ao denominarem o bem e o mau. É um clássico de histórias de fantasias, onde o bem precisa vencer sobre o lado oposto, e a luz prevalece através dos bons. É bem estranho topar com algo assim na história, fazia um tempo que não lia um livro sobre embates parecidos, mas estava disposta a tentar.

Will é um protagonista com índole admirável, suas escolhas são extremamente plausíveis, corretas, e parece ter  um coração enorme. Eu estava esperando um anti-herói, mas o mocinho segue o politicamente correto segundo seu caráter, optando por ouvir o lado de todos, e fazer decisões sensatas para o melhor de todos.

Violet e Katherine são outras personagens importantes que narram em alguns momentos, com Violet tendo uma maior importância de desenvolvimento para Will, mas Katherine também não deixa de ser crucial para momentos decisivos na história. Esses três personagens são jovens e os narradores, portanto suas perspectivas são compartilhadas, apesar de nem todas serem lá muito boas.

Will tem o caminho cruzado com Violet com rapidez e estão de lados opostos. A relação deles é moldada com perfeição, criando um laço que admirei demais. Ambos me conquistaram, em grande parte pelos caminhos que seguiram mesmo com os problemas sempre perto. Enquanto isso, outra peça importante na narrativa é James, um dos que estão na busca para que o Rei das Trevas retorne. Ao que parece, Will pode ter algo de relevante na história, pois passou a vida toda fugindo com sua mãe, até que ela morreu pelas mãos dos Remanescentes. Agora, ele está no escuro, mas ainda é perseguido, embora não saiba bem por quê.

A história tem um início bom, o vilão logo aparece, mas a leitura rapidamente cai para uma narrativa sem grandes acontecimentos e assim fica por longas páginas. Esperava algo com mais ação, embora essa parte mais parada apresenta uma visão sobre os Regentes, seus costumes e um pouco da mitologia. O objetivo deles fica claro, assim como o que precisarão enfrentar.

Meu impasse acredito que tenha sido pelo tempo gasto em um só lugar pelos personagens enquanto as notícias iam e vinham. Sempre estava acontecendo algo, mas sob a narrativa dos protagonistas, parecia uma mesmice que não era empolgante. Os momentos que me faziam abrir bem os olhos e prestar total atenção na história sempre era nas pequenas aparições de James. Ele é o antagonista, mas também o personagem mais interessante de toda a trama. Sempre que aparecia causava tensão, revelações e  muitas perguntas que faziam a narrativa dar um novo rumo.

Ainda mais interessante eram essas aparições entrelaçadas com a reação de Will. Eles sempre ficavam em uma tensão mal resolvida, sem ninguém saber ao certo o que pensar, mas podendo significar algo. Na metade do livro não estava muito orgulhosa de essa ser minha torcida para o casal, afinal, eu estava torcendo pelo vilão e mocinho e pela visão de Will, James era um monstro. Mas as páginas voaram e não vou dar minha opinião final sobre esses dois aqui porque seria um grande spoiler do qual nem todos iriam gostar.

Will não tem um interesse romântico específico, mas há tensão entre ele e mais de um personagem. Esse também não é o foco do livro, pelo menos por enquanto. A questão aqui é que as batalhas de séculos atrás agora estão mais próximas, Will pode ser importante, Violet e Katherine também. A parte ruim é que todos aqueles que lutaram antes estão mortos, mas alguns desses personagens irão ter que enfrentar toda essa nova onda de luta por conta deles. Há questões sobre personagens que foram renascidos como outros, com memórias de eras atrás, e obrigatoriamente também carregam seus traumas. É interessante como eles lidarão com todo esse legado porque terão que definir se aceitam o fardo ou transformam-se em outra coisa, algo não dito pelo destino.

Tais conclusões são mais claras quando seguimos em frente. A leitura demorou para ficar interessante, realmente tive que persistir. A escrita da autora não é nada ruim, é que nem todos os acontecimentos tinham empolgação e assim se arrastava. Pode ser um efeito para dar mais choque nas páginas finais, que foram minhas favoritas. Por elas, com certeza vou ficar aguardando explicações na sequência, mas espero de verdade ter um ritmo melhor que esse.

ADQUIRA SEU EXEMPLAR NA AMAZON: