[RESENHA] Foundryside: às margens da Fundição [livro #1]

Olá, leitores!

Páginas: 640 | Autor: Robert Jackson Bennett | Editora: Morro Branco | Ano: 2021 | Gênero: Fantasia. Ficção Científica | Tradução: Aline Storto Pereira | Classificação indicativa: +16

Foundryside tem exatamente tudo o que gosto em um livro bem elaborado de fantasia, não faltando nem mesmo detalhes de tirar o fôlego. O que primeiro chama a atenção é como o universo funciona. A história ambientada é formada por cidades inteiras caídas, com outra civilização erguida, tendo muito do conhecimento perdido. Se com tão pouco foi feito tanto, imagina então o que o mundo se tornaria com todo o conhecimento perdido nas ruínas de uma antiga grande civilização.

A obra tem um grande fundo histórico, mas inicia com a perspectiva de Sancia, uma ladra que é contratada para roubar um objeto desconhecido em um cais. Entretanto, com o roubo, ela não imaginava como sua vida poderia mudar a partir disso. Ela se conecta com outros personagens ao longo de uma perseguição, logo depois de descobrir que o tal objeto é uma chave, e que pessoas importantes agora estão atrás deles.

Sancia toma decisões rápidas com poucas informações. Tudo o que ela sabe é que a chave pode ser importante, que ela agora é um alvo, então está decidida a não deixar o objeto cair em mãos erradas. O mais inusitado, é que Sancia é uma variável totalmente inesperada. Ela foi contratada unicamente como um meio de transação, mas tem agora um nível de poder que pode salvar ou destruir o mundo.

A junção de Sancia e a Chave não poderia ser mais perfeita. Ao descobrir as utilidades da Chave, que se proclama Clave, as peças começam a se encaixar aos poucos. E a perfeição dessa dupla é ainda mais conveniente quando descobrimos as habilidades de Sancia, e como ela pode ser importante para as decisões que serão tomadas em relação à Clave.

Não passa despercebido como o roubo, a protagonista, o objeto e os novos personagens que vão surgindo são peças importantes para a realidade em que estão. Se isso já não fosse empolgante o suficiente, a maneira como a magia funciona convence rápido de que essa será uma grande história. O sistema mágico não funciona de maneira leviana, são a base de inscrições, símbolos que convencem objetos a funcionarem como algo diferente, desde o mais básico deles. São necessários exemplos, que você verá logo nas primeiras páginas da história, para entender melhor o exercício deste mundo.

Mas é nisso que consiste a inscrição. A realidade não importa. Se conseguir convencer uma coisa o suficiente, ela vai acreditar em qualquer realidade escolhida.

Como comentei no início da resenha, o livro tem uma importante história sobre civilizações, e a atual será decidida com base nas escolhas dos protagonistas, e se terão êxito em impedir que grandes figuras tenham mais poder do que o necessário. O jogo de poder é decidido em quem tem mais conhecimento, enquanto a realidade de muitos não é propícia. Infelizmente, há uma realidade bem difícil na história, a desigualdade social é gritante, mas muito bem entrelaçada com o jogo de conhecimento e poder.

Aqueles que detém de conhecimento e sabem como lucrar em cima disso, ganham em cima de sangue de inocentes e da miséria de muitos. Não é nada bonito, há um extremismo sem máscaras, e é ainda mais doloroso saber que esses estão tão cegos que ainda desejam mais. As consequências desse excesso são vistas constantemente e vividas pela protagonista. Achei particularmente genial que Sancia agora tenha algum tipo de poder relevante mundialmente em mãos e tem o conhecimento de como sua classe sobrevive com tão pouco. Suas escolhas são nada mais do que compreensíveis.

O combo de leitura completa ganha mais elogios pelas cenas de ação, genialidade do sistema mágico, estratégias, reviravoltas e construção dos personagens. Nem sei qual se destaca mais porque achei todos eles maravilhosos. Foi um livro que me dava vontade de ler desde que abria os olhos pela manhã, e a vontade era continuar grudada nele o dia inteiro. Tem suas passagens dolorosas, e pode levar um tempo para entender completamente como tudo funciona, mas a cada página fica mais fácil.

Por muitas vezes, associei a leitura com O Nome do Vento, pelos protagonistas e pela estrutura da magia, mas não são iguais, foi apenas uma relação de que fãs de um poderiam adorar a história do outro. Acabei me apegando com os protagonistas, e sofri por isso. A história agora é uma das minhas favoritas do ano, com recomendação garantida para quem gosta de fantasia.

ADQUIRA SEU EXEMPLAR NA AMAZON: