[RESENHA] Imortais: Sangue Dourado [livro #1]

Olá, leitores!

Páginas: 376 | Autora: Namina Forna | Editora: Galera Record | Ano: 2021 | Gênero: Fantasia, Young Adult | Tradução: Karine Ribeiro | Classificação indicativa: +16

Sangue Dourado é uma fantasia promissora com um progresso chocante. A protagonista, Deka, vive em uma aldeia simples, teve uma perda recente, e está prestes a ser testada, podendo ser considerada impura se seu sangue for dourado. Por ter a pele mais escura do que os moradores da região, ela já não é vista com bons olhos, e tenta alcançar um tipo de aceitação ao seguir sempre as regras, mas sabemos como isso é deturpado.

O spoiler inicial que mudará sua vida é que seu sangue corre dourado, junto disso, a descoberta veio em meio a um ataque de uivantes mortais, monstros que assombram o continente, e que Deka teve um tipo de poder inexplicável sobre eles. Sendo considerada menos que nada pelos habitantes do lugar, a protagonista é enclausurada, rejeitada e morta várias vezes, embora esse não seja seu fim.

Sua porta de liberdade pode ser o convite inesperado de uma mulher a mando do Imperador, que requisita seus serviços em troca de liberdade futura. É um salto no escuro, mas pode ser tudo para Deka. O cenário da história é de uma natureza horripilante. A misoginia é tratada como normalidade. Mulheres são transformadas em acessórios impostos pelo sistema dirigido por homens, dito apenas como uma vontade do Criador. Como se isso fosse aceitável.

Igualmente inaceitável, é como a cultura de variados povos é barrada por ser desconhecida, abafando qualquer expressão que possam ter. Os homens são totalitários, usufruindo do que lhes convém, com o subterfúgio mais fútil que tenham alcançado. A leitura acompanha de pertinho o tratamento que Deka recebe, e se isso já me enfureceu inicialmente, as outras meninas que surgem tem tratamentos iguais ou pior. O livro gera um tipo de sentimento que vai da indignação ao ódio em poucas frases. Contudo, isso não é um tipo de desânimo, muito menos torna a leitura ruim. De certa forma, eleva a história para um tipo de luta sentimental, fazendo o leitor ter o desejo de ler mais para encontrar algum alívio no fim.

A protagonista tem uma evolução maravilhosa, descobertas são feitas em paralelo. Deka também cria laços de amizade, e embora tenha um interesse amoroso, é lento, por não ser o foco principal do livro. Os pontos principais da história são bem colocados, e a mensagem principal, embora estejamos falando de uma fantasia, se torna um retrato da realidade, onde quando comparamos, vemos a fantasia contando algo que possivelmente a maioria de nós já vimos. Claro que é um dado desanimador, estamos falando de misoginia, feminicídio, entre outros assuntos inaceitáveis, mas é isso que torna a história genial.

Foram poucos pontos que não me agradaram na leitura. O primeiro deles foi como a morte repetida dos personagens, embora seja um traço de sua espécie, não seja avisado como um tipo de gatilho. São trechos não apenas mencionados, mas detalhados. Outro tópico, é que a história tem incríveis assuntos de discussão, mas acaba sendo inevitavelmente óbvia, o leitor pode prever os próximos acontecimentos com facilidade.

Entretanto, o que mencionei não me desanimou durante a história. Sangue Dourado seguiu sendo uma leitura surpreendentemente rápida, com uma protagonista doce, porém feroz. Embora o livro tenha uma sequência, o fato do final ter todos os ganchos amarrados, me faz perguntar como será o segundo volume, e isso me deixa com bastante curiosidade sobre o que esperar.

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