[RESENHA] Desenhos Ocultos

Olá, leitores!

Páginas: 384 | Autora: Jason Rekulak | Editora: Intrínseca | Ano: 2022 | Gênero: Policial, Suspense, Mistério | Tradução: Jaime Biaggio | Classificação indicativa: +14

Mallory Quinn acabou de sair da reabilitação e está precisando de um emprego. Que encontrou na casa de Ted e Caroline Maxwell, que são a típica família de vida perfeita, onde teria que cuidar de Teddy, um garotinho de cinco anos. Era a oportunidade de emprego perfeita, já que ela teria a sua própria casa, algum tempo de lazer e ganharia um bom salário. Sem contar que Teddy é um garotinho tranquilo pelo qual Mallory rapidamente se apaixona e acaba criando um vínculo. O passatempo dele é desenhar, principalmente paisagens e coisas do cotidiano, por isso ele sempre tem consigo um caderno e lápis.

Historicamente, crianças sempre são mais receptivas à comunidade de espíritos. A mente de uma criança não tem todas as barreiras que nós adultos erguemos.

As coisas começam a mudar quando os desenhos do garotinho começam a ficar mais sombrios, já que um dia, ao invés das habituais árvores e desenhos infantis felizes, Teddy desenha um homem estranho na floresta, carregando o corpo imóvel de uma mulher. Os desenhos dele aos poucos vão deixando de ser típicas ilustrações com traços infantis para virarem ilustrações perturbadoramente realistas, algo impossível para uma criança, principalmente para uma da idade dele. 

E, embora eu saiba que são apenas bonequinhos, há uma delicadeza no desenho que me toca.

Quem acompanha as minhas resenhas por aqui, sabe que sou uma grande fã do gênero terror e suspense, então estava super ansiosa pela leitura desse. O adorável Teddy começa a mudar e se tornar uma daquelas crianças assustadoras do gênero, principalmente quando surge em sua vida uma amiga imaginária chamada Anya e seus desenhos graciosos se tornam bizarros e assustadores. Desenhos esses que estão no livro, o que traz um impacto visual enorme e ajuda a criar toda a atmosfera da obra, fazendo toda a diferença.

Sei que é errado mentir. Uma parte fundamental da recuperação - provavelmente a mais importante de todas - é assumir o passado, reconhecer todos os erros cometidos. Mas devo admitir que é muito bom abraçar a fantasia, fingir ser uma jovem normal com sonhos normais de jovens.

Outro ponto bem interessante da obra é a forma como tudo vai impactando a Mallory que saíra recentemente da reabilitação, desenterrando sentimentos e memórias que ela gostaria de deixar no passado. A moça de 21 anos começa não só a questionar a sua sanidade como também a se perguntar se os desenhos têm alguma relação com um crime ocorrido décadas antes.

Falando sobre a família Maxwell, Caroline é médica e trabalha com usuários em recuperação, o que faz total diferença na hora da contratação de Mallory, já que ela acredita na moça, ao contrário de Ted, que demonstra uma certa hesitação. Teddy é uma criança adorável que gosta de compartilhar suas criações com sua nova amiga Mallory, o que faz com que ela perceba quando as mudanças nos desenhos começam. Ele é um rapazinho tranquilo e obediente ao mesmo tempo que é sozinho, o que torna a presença de Anya, a amiga imaginária que o instiga a desenhar certas cenas, algo comum e que não preocupa seus pais.

Na minha opinião, tem mulher que não quer ser mãe. Querem ter filhos, querem a foto bonitinha para botar no facebook. Mas a experiência de ser mãe de fato, será que elas querem?

O livro cria várias perguntas na nossa cabeça: pra quem são as mensagens? Para Mallory? A babá está exagerando na sua reação aos desenhos de uma criança? Alguém do além está pedindo socorro?

O autor trabalhou incrivelmente bem a trama e os personagens, no desenvolvimento e abordagem de temas delicados como vícios e traumas, trazendo um final satisfatório e condizente com a história. As ilustrações maravilhosas ajudam muito na imersão da trama. Adorei a leitura e entendo as razões para ter sido tão elogiado pelo Stephen King. 

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