[RESENHA] Enraizados

Olá, leitores!

Enraizados é um livro de fantasia único baseado no folclore eslavo, portanto tinha muitas esperanças de gostar. A premissa chamativa, para mim, serviu para me fazer ler mais rápido. No mundo citado, em uma pequena vila, as meninas crescem com um certo medo de serem levadas pelo Dragão, um mago, sem a esperança de voltarem para suas famílias. Isso acontece a cada dez anos. O mago leva uma menina a cada período e não sabe o que exatamente acontece com elas, mas o medo persiste.

O Dragão não é ruim aos olhos do povo em geral. Ele os protege com sua magia da corrupção da floresta que os cerca, é justo, mas ainda leva meninas consigo. Claro que a maioria sente medo de suas filhas serem as escolhidas da vez, mas para Agnieszka esse medo é direcionado à sua melhor amiga Kazia, que é bem instruída, o modelo exato do que o Dragão sempre procura.

Mas quando chega o dia da escolha, é Agnieszka que é levada, a mais improvável possível. Seus modos sempre foram motivo para todos a descartarem como uma escolha. Pela percepção da protagonista, é agora que vamos conhecer o que realmente acontece com as garotas levadas para a torre do Dragão.

Esse início é tenebroso por gerar um medo tanto nos personagens quanto no leitor. Imaginar que um mago leva meninas a cada dez anos e faz sabe se lá o quê com elas é difícil deduzir, por isso a cada página gera uma expectativa do que pode acontecer. Ao passar esse medo inicial, Agnieszka está lá para também aprender magia, as descobertas são mais lentas e uma sensação de aprendizado se inicia. Agnieszka tem propósitos que podem ser mais importantes, e seu direcionamento muda rapidamente.

Sua relação com o Dragão fica bem mais estreita por terem que passar tempos juntos. A floresta e sua ameaça fica mais evidente, e quando a protagonista cria um tipo de entendimento sobre o que pode fazer, sua determinação também se estende. Embora isso seja bom, Agnieszka é extremamente movida por uma teimosia infindável. Junto de seu temperamento, o Dragão se destaca por ser ranzinza, então é fácil imaginar como o dia a dia desses dois pode ser difícil.

Mas a narrativa não centraliza apenas na torre. Passada várias páginas, outros personagens surgem, a maioria horríveis (como o príncipe mais novo. Há uma situação envolvendo ele e Agnieszka que até hoje não engoli). O objetivo do livro é a evolução de Agnieszka, a luta pela resolução da corrupção da floresta, e outras questões que surgem nesse meio.

Infelizmente, esse não é um livro fácil para continuar lendo. Os acontecimentos que citei demoram para acontecer e tudo isso é apenas o ponto de partida para a história ter um ritmo bom. A partir daí, continua tendo um objetivo principal, mas a construção é regada por pequenos movimentos que não empolgam tanto. Até mesmo a tensão entre os personagens, que poderia progredir para um romance, é tão lento que parece uma impressão. Não é uma pauta importante, mas poderia muito bem ter um impacto que empolgasse.

Essa é uma leitura que alguns terão que persistir para chegar ao final. Não achei o núcleo da história ruim, mas também senti vontade de abandonar várias vezes por não achar empolgante o suficiente. Uma parte especialmente boa foi quando descobri a conexão do título com a história. De modo geral, tenho minhas opiniões de como essa história foi difícil de continuar por ter um ritmo lento e acontecimentos muito distantes, mas fiquei contente por ser um livro único. Se não fosse, eu dificilmente iria atrás de um segundo volume.