[RESENHA] Cerejas do Inferno

Olá, leitores!

Páginas: 475 | Autora: Thaís Boito | Ano: 2022 | Gênero: Fantasia | Classificação indicativa: +14

A morte era seu medo mais obscuro, sua seguidora mais fiel. Sentia ela pressionando seus ossos, as mãos frias e acinzentadas tentando torcê-los.

Cerejas do Inferno fez parte daquela seleção de livros que começo aleatoriamente por algum componente ter me chamado atenção, e devo culpar a capa incrível, ter romance sáfico, ser uma fantasia urbana em livro único e ter protagonistas anti-heróis. Com isso, acabei entrando no livro como quem estava esperando algo apenas rápido, mas me deparei com uma fantasia elaborada e difícil de largar. A história se passa na Itália e tem descrições maravilhosas, e senti como se estivesse verdadeiramente por lá apenas lendo.

Os protagonistas são: Balthazar, Cleo e Verona. Eles tem ligações entre si, mesmo que não queiram, e o melhor é que são inimigos. O leitor não compreende tudo apenas pelo início, mas a partir do momento que a autora constrói a narrativa em volta deles, fica claro como a magia funciona, e essa revelação me causou ondas de empolgação. O principal a se atentar, é que todos estão ligados pela morte, mas cada um a seu modo.

Balthazar, um ex conselheiro da ordem dos conjuradores, cometeu um erro indo contra tudo o que defendeu, mas recebeu uma nova chance da cúpula, e pela sua visão, conhecemos como o favoritismo funciona, ele mesmo foi agraciado com isso tendo a oportunidade de se redimir. Enquanto isso, Cleo  praticamente cometeu o mesmo erro de Baltazar e foi condenada com pena máxima, e limitada de seus poderes. Ela não teve o mesmo tratamento que o outro por ser uma conjuradora inferior à Balthazar. 

Verona era uma heresia. Um erro. A rainha do tártaro andando entre os vivos. O significado de inferno na Terra.

E também há Verona, uma mulher que tem o desejo de viver e entrou no radar Balthazar ao pegar algo precioso dele. Ela também está atrelada à morte, de maneira surpreendente. Cada ponto de vista mostra os pontos positivos e negativos de cada um, e desperta sentimentos dos mais ruins até chegarmos à compreensão.

Simplesmente não há como odiar um e acusar o outro de ser totalmente limpo. Todos são personagens com bagagem e erros, mas muito bem construídos a ponto de entendermos o motivo da rivalidade, e compreender suas partes obscuras.

Os protagonistas se conectam quando Balthazar dá a missão a Cleo de capturar Verona. Esse pontapé inicial cria uma tensão entre os três lados e os obriga a tomarem atitudes desesperadas. O livro é muito bem construído. O enredo tem revelações que eu não esperava, e momentos ainda mais desesperados. Amei a tensão que a história oferece, assim como as migalhas de romance entre Verona e Cleo. Elas não são um casal fácil, mas eu amei cada dilema sendo derrubado e cada momento que as levou até os momentos finais.

A ambientação na Itália levou meus pensamentos direto para lá, e me apaixonei pelo país pela forma como a autora o descreve. Achei essa uma história bem rica em detalhes, me surpreendendo também pelas cenas de ação serem ótimas. Me apaixonei pelo livro em geral, até pelas partes tristes.

Com certeza essa foi uma leitura inesperada que me deixou sem fôlego. A autora acertou em cheio na construção dos personagens, nas conexões e em suas personalidades. O livro termina com pontas bem amarradas, e destinos ainda em trânsito, mas com um rumo já pré-definido. O livro é único, uma fantasia que não vou cansar de indicar para todos.

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