[RESENHA] A Prisioneira Dourada: Gild [livro #1]

Olá, leitores!

Páginas: 288 | Autora: Raven Kennedy | Editora: Astral Cultural | Ano: 2023 | Gênero: Fantasia | Tradução: Débora Isidoro | Classificação indicativa: +18

Você pode fingir muitas coisas na vida. Pode fingir tão bem, que começa a acreditar na própria farsa. Somos todos atores; estamos todos sobre pedestais, sob um holofote, representando o papel que for necessário a fim de sobreviver ao dia - para nos ajudar a dormir melhor a noite.

Gild é o primeiro livro de uma série contendo quatro volumes. Acho esse volume particularmente pequeno, e quando finalmente li, entendi que se trata de um livro bem introdutório. Chocante resume bem o que acontece, e nos dá uma noção do que esperar, mas ele mais causa curiosidade do que responde perguntas. Também é um livro que nos deixa a par do cenário e do tipo de escrita que a autora tem. Quanto a isso, tenho muito o que comentar.

Auren é uma mulher que vive em uma gaiola dourada e também teve a pele transformada em ouro. Ela é considerada a favorita do rei Midas, exatamente o rei que transforma o que toca em ouro. Ela é chamada de montaria, assim como as várias outras pessoas que o rei mantém para si como parceiros sexuais. Mas no caso de Auren, ela foi a única com a pele tocada pelo poder do rei e também a única que é mantida tão bem guardada e tocada apenas por ele.

Ela tem uma longa história com Midas, por isso diz que o entende e tem sentimentos por ele. Mas ainda sim, fiquei me perguntando: pra que limitar a liberdade dela só para exibir um posto de possessividade?

Pode ser que Auren o entenda, mas não me convenci pelo amor que ela sente por ele, muito menos que essa posse da parte dele fosse algo que fizesse sentido. O modo como a protagonista o endeusa, é como se ele fosse o próprio sol, e até suas dúvidas sobre ele são abafadas por uma fé cega de que ele a ama acima de tudo. Achei algo bizarro, e minha torcida era para que ela acordasse desse pesadelo dourado.

O livro tem um tipo de narrativa boa, porém  passa muito tempo no mesmo lugar, sempre com situações chocantes em seguida. As primeiras páginas são mais para nos dar uma ideia de como funciona a rotina de Auren, toda a opulência que ela usufrui, e sua sequência de pensamentos repletos de carinho e questionamentos. Mas nessas primeiras páginas, também é possível notar que a escrita possui certa crueza em descrever cenas eróticas, e detalhes brutais.

Os eventos do livro mostram um cenário de possível guerra entre reinos, e rivalidade entre reis, ocasionalmente se tratando de algo mais pessoal. Gostei dessa perspectiva, mas ela é colocada em segundo plano, já que a visão da protagonista oscila entre outros assuntos. Mas até aí, podemos captar uma coisa ou outra que pode ser importante nos fatos seguintes desse livro, e chuto que até mesmo nas sequências.

A história me deixou curiosa para saber o que iria acontecer, mas não só isso. Me senti desconfortável em boa parte dela. Auren é uma mulher esperta, mas o podre do livro são os demais personagens. A protagonista não parece ter com quem contar de verdade e seus laços se resumem apenas a Midas, que eu não vou com a cara. Ademais, um ou outro personagem se salva aqui e ali, mas ela sofre mais do que recebe apoio.

E era de se esperar que as outras companheiras do rei se mostrassem compadecidas, mas acontece que elas são horríveis. Entendo que o favoritismo de Auren pela parte de Midas pode soar repleto de preferências, mas a protagonista vive uma vida limitada e selada em sentimentos conflitantes que poderiam facilmente ser traduzidos para síndrome de Estocolmo. Se alguém tivesse juízo e empatia, poderia avisar que aquele relacionamento não é saudável, ao invés de fazer um cabo de guerra por um homem que nem vale o tempo delas.

Pelo livro ser curto, os acontecimentos críticos são urgentes e um ao lado do outro. Tem pausas que demoram, mas é um livro bem fluido. Achei a narrativa um tanto previsível e consegui notar certos padrões de que não gostei na história. Tudo é bem descrito, e essa descrição pode ser excessiva às vezes. Em alguns momentos, há descrições de sexo, morte, tortura e estupro. É mais comum ver falas desconfortáveis direcionadas a mulheres e assédio sexual. E como falei, o livro é descritivo. É importante lembrar que os gatilhos aqui são muitos, e realmente desconfortáveis.

Algumas cenas acabaram não me agradando por eu achar excessivas naquele contexto, enquanto outras, foram longe demais e sem tanta importância. Para mim, me soou como algo que poderia ser evitado, mas não foi por conveniência. Infelizmente não foi uma história que me agradou por completo. O livro tem uma narrativa bem introdutória, como se preparando a protagonista e a situação para momentos importantes futuros, embora não tenha sido da maneira mais maravilhosa possível. Me deixou curiosa, mas não o suficiente para ler os demais livros no momento, mas não descarto a ideia de ler em futuramente por estar curiosa de saber como termina.

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