[RESENHA] Anatomia: uma história de amor [livro #1]

Olá, leitores!

Páginas: 320 | Autora: Dana Schwartz | Editora: Intrínseca | Ano: 2023 | Gênero: mistério, ficção gótica, romance | Tradução: Guilherme Miranda | classificação indicativa: +14

Anatomia era uma leitura que aguardava desde o anúncio de lançamentos previstos. Sendo assim, foi um livro que passou na frente de tantos outros. Dana Schwartz promete uma história tanto com mistério quanto romance, e o que mais me agradou: uma ambientação gótica.

No século XIX não era considerado natural uma mulher ser médica, que dirá cirurgiã. Hazel quer ser a segunda opção e tem determinação necessária, porém não oportunidades. Sua mãe é ausente, e seu pai está longe. Assim, Hazel consegue escapar para estudar como for. Em suas visitas na sede dos anatomistas, ela conhece Jack, um ressurreicionista, e começam a interagir mais a cada encontro. O interesse é puramente para o estudo. Pela urgência em estudar o corpo humano, não há cadáveres o suficiente para especialistas estudarem e algumas pobres almas, como Jack, se arriscam em desenterrar corpos recentes em cemitérios e os vender para anatomistas.

Porém, em geral eram os corpos sem amor, enterrados em covas rasas e esquecidos, que compunham o ganha-pão de Jack. [...] Essas pobres almas podiam não ter tido muito valor na vida, mas valiam muito na morte.

Mórbido ou não, a cada novo trabalho de Jack para Hazel, eles acabam ficando próximos. Mas há outras urgências também em Edimburgo. A febre romana, que fez o irmão mais velho de Hazel perder a vida, parece estar de novo à tona, e a personagem quer fazer algo a respeito. Em paralelo, ressurrecionistas parecem estar sumindo sem explicação, o que torna o trabalho, já precário, ainda mais perigoso.

Para o mistério, a autora usou bastante elementos familiares, e achei essa parte previsível. Adorei de verdade o clima gótico e sombrio da história. A proposta e o enredo geral lembra bastante a série Rastros de Sangue, pela protagonista ter inclinações semelhantes, mas apenas isso. Aqui, o enredo é ambientado na Escócia, e a escrita é mais ágil e simples. A leitura passa super rápido.

Já o romance, não é repentino. Os personagens se aproximam por suas necessidades estarem se complementando, mas há muito empecilho. Hazel é prometida para seu primo desde o nascimento e a união é incentivada fortemente pela mãe. Com seus objetivos em mente, a maneira mais lógica de abrir caminho pela sociedade seria com a ajuda de um marido influente, mas o pretendente não leva a sério o desejo de Hazel. Enquanto isso, Jack vive uma vida tentando sobreviver e um relacionamento com Hazel não seria bem visto. São muitos pontos a considerar, o que me fez pensar se essa não seria mais uma história sobre tragédia.

Mortui vivos docent [...] 'Os mortos ensinam os vivos.'

O livro se encaminha para a resolução do mistério, que foi previsível, embora o destino de alguns personagens tenha me surpreendido. A ambientação é condizente com a época. Inclusive, já tinha familiaridade com a maneira como cirurgiões eram vistos, o que me lembrou o livro Medicina dos Horrores. Quem conhece a obra, já tem um panorama da higiene e quão absurdo as cirurgias eram feitas.

Chocante ou não, aqui a autora amplia a perspectiva voltando esse cenário para uma jovem dama, tendo chances de comprometer várias partes de sua vida pela ideia de lutar pelo que acredita. Quando comecei a história, não imaginava que teria uma sequência, mas tem. Com o desfecho, um segundo volume em mãos é o que eu mais quero no momento.

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