[RESENHA] Todos se Lavam no Sangue do Sol
Olá, leitores!
Páginas: 224 | Autor: Paulo Raviere | Editora: DarksideBooks | Ano: 2022 | Gênero: Ficção | Classificação Indicativa: +14
Literatura brasileira é sempre uma boa pedida para as estantes, principalmente com a trama se passando em um cenário que poderia ser praticamente em qualquer lugar do nosso Brasil, com personagens bem escritos e em muitos momentos hilários.
Diz a razão popular que Salvador possui uma igreja para cada dia do ano — mas é das festas hereges que o povo gosta.
A trama de Todos se lavam no sangue do sol gira em torno de um assalto desengonçado à uma joalheria em plena manhã. Os envolvidos são pessoas conhecidas por quase todos nós, já que são figuras bastante urbanas. O joalheiro e seu filho, os assaltantes, o mandante e vários outros personagens aparecem durante o ato matinal violento.
O autor misturou muito sangue com doses de humor, trabalhando bem todo o caos da situação em meio aos vocabulários repletos de gírias e maneirismos. O protagonismo passa por entre cada um dos envolvidos, tendo mais destaque para o mandante do crime chamado Benedictus que nada mais é do que um líder religioso entusiasta das artes e responsável por diversos momentos de reflexão durante a história e por Ernesto, o filho do joalheiro repleto de referências cinematográficas.
Assim o monstro vive, protegido pelos dedos incansáveis da Fortuna, senhora fugaz do reino das possibilidades, que desvanece a cada decisão tomada e, como o universo, se dilata exatamente por isso, pois a destruição é uma forma de erigir palácios; um lugar etéreo em que nada é improvável o bastante que não possa ser arriscado.
Ambos os personagens caricatos são o que há de melhor e de pior no livro, já que ajudam a aprofundar a história, ao mesmo tempo que criam uma certa barriga no desenvolvimento da trama, deixando ela lenta e enrolada em alguns momentos. Basicamente todos os personagens que aparecem e se vão pelas páginas são caricaturescos.
A obra pesada, dividida em cinco partes de uma narrativa que não parece parar nem por um segundo, entrega aos poucos uma narrativa que é rica na ambientação de uma Salvador colorida e alegre até mesmo em momentos mais sombrios, mas que carece de personagens mais cativantes. A narrativa alinear me lembrou bastante daqueles filmes de ação noventistas onde nada fica parado nem por um segundo e vários personagens se encontram ao acaso, quase como um Pulp Fiction bem abrasileirado, que entrega diversos pontos de vista de um mesmo acontecimento.
A vida é o fulgor de um vagalume que mantém um breve momento de brilho, até que por fim se apaga e ela se deixa dominar pela cegueira. As trevas são seu estado natural.
Gostaria de ter apreciado mais a história, já que a trama é interessante mas não consegui me conectar com os personagens. Em alguns momentos a trama se tornava lenta demais para mim, mas ainda sim, é uma obra bastante interessante e incrivelmente sensorial, já que a descrição das delícias — e nojeiras também — são características bem marcantes.
Mesmo não tendo sido uma leitura que favoritei, admito que a narrativa do autor é muito bem feita, poética e descritiva, por isso espero ter a oportunidade de ler outras obras do Paulo Raviera. A obra lançada pela DarksideBooks é linda em todos os aspectos, com ilustrações maravilhosas por entre as páginas. Vale a leitura para quem gosta de obras nacionais bem ambientadas.
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Oi Leyanne, tudo bem?
ResponderExcluirA vibe de assalto desengonçado me lembrou um pouco Gente Ansiosa. Mas saber que você não se conectou aos personagens me afastou da comparação, porque Gente Ansiosa é perfeeeito nesse sentido rs.
Beijos,
Priih
Infinitas Vidas
Gente ansiosa parece incrível!!
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