resenhas

[Resenhas][slideshow]

[RESENHA] Império do Vampiro [livro #1]


Olá, leitores!

Páginas: 976 | Autor: Jay Kristoff | Editora: Plataforma21 | Ano: 2022 | Gênero: Fantasia sombria | Tradução: Edmundo Barreiros | Classificação indicativa: +18

Eles cantam canções sobre você, De Léon. O Leão Negro. O Portador da Bebedora de Cinzas. Matador do Rei Eterno. Como alguém ascende de um lugar tão baixo e se torna uma lenda? - Os lábios do vampiro se curvaram. - E, depois, cai tão profundamente?

Império do Vampiro tem um mundo sombrio, que é marcado pela morte dos dias. Gabriel ainda era criança quando viu o sol pela última vez, e então um tipo de noite eterna iniciou, e durante o dia aparece apenas fragmentos de luz do sol. Com isso, seres como vampiros, que são afetados pelo sol, se sentiram mais ousados para buscar mais poder, e fazer tudo a seu bel prazer. Existem várias outras criaturas brevemente citadas no livro, mas os vampiros são a principal ameaça, sendo seres milenares. Gabriel sempre odiou essas criaturas, teve a vida marcada por uma delas quando criança, mas quando alguns instintos surgem, ele descobre que é um mestiço, sendo sua mãe humana e seu pai um vampiro. Depois disso ele é levado para um lugar chamado San Michon com guerreiros conhecidos como Santos de Prata, para ser ensinado a caçar vampiros com as habilidades que herdou de seu pai.

A história é descrita pelo próprio protagonista, quando todos os eventos sobre ele já aconteceram, e está encurralado em uma cela, sendo coagido a contar sua história para um historiador, que também é vampiro, um dos seres que sempre jurou matar. Gabriel conversa com o historiador e consequentemente nos conta sua história. Algo que gostei nessa forma de narração foi que o historiador quer que Gabriel lhe conte a história nos mínimos detalhes, como se não soubesse nada sobre o seu próprio mundo. Como se contasse para alguém que não tivesse conhecimento de absolutamente nada a respeito de quem Gabriel é. Que é o nosso caso como leitor.

São três linhas do tempo para acompanhar, sendo uma delas a principal, que é de onde o protagonista está contando. As duas outras são: quando ele tinha 15 anos, descobriu sobre sua natureza, e começou sua ascensão de como é conhecido até atualidade; enquanto isso sua outra linha do tempo é quando começa sua derrocada, quando sua reputação é renovada para algo mais sombrio, e chega mais perto ao Gabriel de Léon que  está  contando sua história.

O interessante é que o personagem é diferente nas duas linhas do tempo contadas. Isso mostra que muita coisa aconteceu nesse meio tempo que o transformaram, o que faz o leitor questionar o ápice da história, e como um protagonista que tinha tudo para dar certo se transformou na sombra do que era. O que é continuamente ensinado é que sua herança é maldita, e ele não é considerado uma pessoa digna de salvação, sendo determinado que mestiços precisam caçar vampiros por ordem de seu Deus para encontrar um meio de se redimir do seu nascimento. Gabriel de Léon ainda adolescente é determinado a se tornar um herói, por isso possui atitudes impulsivas, sempre buscando sua própria glória e por vezes indo contra o que é considerado adequado pela igreja.

Dentre suas narrativas, preferi a de quando Gabriel é mais velho, porque sinto que ele já passou por tudo que tinha de passar e as experiências o transformaram em alguém melancólico, difícil de lidar, e amargurado. Ele tem respostas sempre prontas, não é um personagem amado por todos, e ninguém conhece totalmente sua história, por isso sempre pressupõem o pior dele.


Mas esse é o problema de tirar tudo o que um homem tem, não é? Quando você não tem nada, você não tem nada a perder.

Vários personagens aparecem durante a história, mas senti que tudo que aconteceu são apenas fragmentos para construir o protagonista em sua missão principal, que não dá pra comentar em detalhes porque seria um grande spoiler. São essas extensas páginas que nos fazem entender como ele chegou até onde está, e apreciar ainda mais a companhia que ele consegue durante sua trajetória.

O livro assusta pelo tamanho, e me perguntei como o protagonista conseguiu render tantas páginas. Mas me surpreendi ao chegar quase no final e até sentir falta de algumas narrativas. Gabriel é famoso, então há muita história sobre ele que se tornaram lendas, até mesmo o vampiro que o está entrevistando as cita brevemente, o que me despertou curiosidade e expectativa em ler sobre elas, mas nem tudo é dito. O principal a se esperar são os pontos críticos do protagonista, os ápices que o moldaram e o desfizeram respectivamente. E ainda que o livro seja bem grande, o ponto final de seu declínio é deixado para os próximos volumes, que vou esperar uma narrativa focada quando ele está mais velho, junto de Dior e com novas alianças, estando mais próximo do Gabriel que conduz a narrativa.

Não pude deixar de comparar este livro com outro do autor, sua trilogia Neverngiht, um dos meus livros favoritos. Ao contrário de As Crônicas da Quasinoite, que não há noite e há três sóis em vigor, neste aqui não há dia e a noite perpetua sem um fim. Algo em comum entre as duas é acerca da religião e suas mensagens. Império do Vampiro constrói um personagem em que sua existência é uma blasfêmia e está em um meio termo tanto para o bem quanto para o mal. Segundo sua figura divina, é necessário se redimir caçando seus progenitores, e seus preceitos são extremos. A luta é aceitável, mas as regras são cruéis. Mais uma vez, Jay agrega em seu livro críticas sobre a cegueira que uma religião extrema pode causar, nublando escolhas óbvias. Achei particularmente ousado pelo modo como o fez. Há tanto personagens fervorosos quanto céticos. O próprio Gabriel passa pelos dois extremos, quando tinha 15 anos e seguia tudo à risca, e quanto tinha pouco mais de 30 e não tinha mais fé. Pode-se pensar que ele tenha permanecido calado sobre isso, mas o protagonista é fervoroso em seus dois modos, manifestando a ousadia que indiquei sobre Jay.

O ponto ruim de tudo, que pode confundir mesmo o leitor é sobre a escolha de construir essa narrativa. O interlocutor conta sua história em detalhes, mas é preciso tempo para se acostumar a este mundo complexo. A escolha de seguir o texto e se referir ao relato de Gabriel foi por meio de aspas, mas não somente uma ou duas, o livro inteiro é demarcado assim, o que fica confuso para indicar que outros personagens estão conversando. Já li outros livros em que o personagem era entrevistado e narra como se falasse com outra pessoa, mas seu relato era considerado principal, e suas breves pausas eram marcadas como "interlúdio", por isso estranhei a falta disso aqui. Mas seguindo a leitura, dá de se acostumar e o universo se torna familiar depois de um tempo, entretanto, o livro tem erros grosseiros, com palavras trocadas, erros de português, e o principal, falta e excesso de aspas que confundem o leitor. Esse era meu medo quando comecei e percebi que era narrado dessa forma. Dependendo da edição, em um livro tão grande, poderiam ocorrer erros aqui e ali que prejudicariam o entendimento, mas foi uma surpresa encontrar tantos. Depois de um tempo é mais fácil se acostumar e supor onde tem ou não falas de outros personagens.

A história foi certeira em meu gosto literário. Fantasia, melancolia, protagonista cínico e anti-herói, enredo sombrio. Gosto muito dessas características, mas o livro me surpreendeu também em ser recheado de artes. Costumo buscar fanarts quando leio um livro de fantasia, e me senti bastante servida em ter várias dentro da história, marcando algumas partes específicas. As ilustrações são de Bon Orthwick (@monolimeart), que já admirava o trabalho e passei a gostar ainda mais. O livro também tem mapas caprichados, que tive que conferir várias vezes devido a constante peregrinação dos personagens. Foi uma leitura bastante imersiva, que vale a pena conferir gostando dos pontos que citei. O conteúdo é adulto, tendo gore, descrições adultas, vícios e bastante palavrão.


ADQUIRA SEU EXEMPLAR NA AMAZON:

10 comentários:

  1. Oi Leyanne! Tudo bom?
    Esse livro não tem NADA do que eu gosto, mas te juro que algo na sua opinião mexeu comigo e fiquei curiosa. Talvez o toque da melancolia na fantasia tenha me pegado, confesso, rs. Além dessa capa linda. Ai ai ai, está tão caro, vou esperar uma promoção pra arriscar e a culpa vai ser sua! kkkk
    beeeijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. hahaha que bom saber disso. pode ser total fora da sua zona de conforto, mas espero que goste

      Excluir
  2. Nossa, 3 linhas do tempo não sei se ia ser muito pra minha cabeça hehehe... mas a narrativa me pareceu bem instigante..

    www.vivendosentimentos.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. hahaha parece confuso, mas lendo faz sentido

      Excluir
  3. Oi Leyanne, tudo bem?
    Me chamou a atenção o autor, porque em Aurora Ascende a narrativa é super pra cima e engraçada, e aqui é bem melancólica e séria. Isso me deixou curiosa, saber como ele transita entre os estilos.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

    ResponderExcluir
  4. Oi! Eu já li outros livros do autor e gostei bastante e esse está na minha lista faz um tempinho, só não conferi ainda pelo tamanho, ultimamente estou optando por livros mais curtos. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

    ResponderExcluir
  5. Oi Leyanne, acho que nunca li nada do autor e apesar da trama ter chamado minha atenção, faz um bom tempo que não leio fantasia. Não sei o que aconteceu com meu gosto literário. Eu era muito de fantasias, virei totalmente policial e sobrenatural (o que não deixa de ser fantasioso, mas é diferente). Acho que eu leria, mas só depois que eu voltar ao hábito com as fantasias.

    Até breve;
    Helaina (Escritora || Blogueira)
    https://hipercriativa.blogspot.com
    https://universo-invisivel.blogspot.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. é normal mudar e não tem problema, o importante é ler o que gosta <3

      Excluir

Dicas de Fantasia

[Fantasia][stack]

Motivos para ler

[Motivos para ler][grids]

dicas para blogs literários

[Dicas para bookstagram][btop]

Lançamentos

[Lançamento][grids]